terça-feira, 18 de abril de 2017


Hoje o professor de filosofia do direito, nos perguntou se ainda lembrávamos o que tínhamos respondido no início do curso (2012) sobre o que era amizade, eu sinceramente não lembrava. Ele então abriu um arquivo no seu computador e nos chamou, um a um, para lermos, e em seguida nos perguntou se mudamos de entendimento.

Então vamos lá, MUDEI o meu  entendimento sobre  amizade. Em primeiríssimo lugar, entendo como amizade o desejo máximo que o "amigo" seja muito feliz, mais que nós mesmos se for possível.
Amigos são aqueles que se encontram e se interessam pela vida um do outro, de modo a se doer no mesmo nível de ficar feliz em reflexo.

Tenho poucos amigos, mas acredito piamente que estes poucos, não são amigos de enfeite, de conveniência, amigos de "foto", sei que são amigos que desejam em reciprocidade a felicidade, mesmo que a vida teime em nos deixar distantes fisicamente. Pois sei que estes poucos, quando pensam em mim, me desejam o melhor que pode existir.

Amizades de conveniência nunca me serviu, já as tive, quando necessitei, senti a dor de não tê-las  verdadeiramente.
Então aprendi a não iludir ninguém, se digo que sou amiga e que tenho um amigo é assim que é. Colegas de trabalho, turma, grupo. São colegas mesmo, aqueles que batemos papos sobre as atualidades, dia-a-dia, um coisa aqui outra acolá, reservo meus sentimentos, meus pensamentos mais profundos e delicados para aqueles que me ouvem com o coração.

O que vejo hodiernamente, são pessoas que precisam estar em grandes grupos, serem conhecidas por muitos, ter tantos "amigos" no Facebook que precisam criar outro perfil para dar conta de tanto "amigo". É triste.

Segundo Aristóteles, com quem eu concordo quase em tudo, a amizade é dividida segundo sua natureza:
1) a amizade segundo o prazer, 2) a amizade segundo a utilidade e 3) a amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita.

Aqueles que fundamentam sua amizade sobre o prazer o fazem por causa daquilo que é agradável em um para o outro. Pessoas espirituosas, por exemplo, têm muitas amizades não por causa do seu caráter, mas sim devido ao prazer que podem proporcionar umas às outras.

A amizade segundo a utilidade é estabelecida pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Mais uma vez, as pessoas envolvidas neste tipo de relação não se amam por causa do seu caráter, mas sim devido a uma utilidade recíproca.

Já a amizade segundo a virtude só pode se estabelecer entre os homens que são “bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um ao outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos.”. Como estes homens são raros, amizades assim também são raras.

Entao, eu apenas adaptaria esse entendimento de Aristóteles para o seguinte: As amizades que ele descreve como Amizade segundo o prazer e Amizade segundo a utilidade, ao meu ver, seriam as relações de coleguismo, e apenas a amizade segundo a virtude, intitularia de amizade.

No fim das contas é o seguinte,
além de pai e mãe, na maioria das vezes, poucas pessoas tem um sentimento por você, desnutrido de inveja, conveniência e tantas outras coisas daninhas.
Logo, para mim, amizade é o exato significado de "amizade segundo a virtude", para Aristóteles.