Muito bem escrita. Vale a pena ler.
>
> BRASIL CARINHOSO
> Bom dia, dona Dilma!
> Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera
> do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó,
> pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu
> contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em
> cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o
> anúncio do BRASIL CARINHOSO.
> Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista?
> Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um
> mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos
> seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para
> que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
> Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos
> entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o
> convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza,
> reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para “engordar “
> sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo
> para a cama fazer filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida,
> um plano qüinqüenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente
> expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
> É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer
> gracinha, jogar para a platéia. É fácil e é um sintoma evidente de que
> se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
> Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora.
> Sou bastante madura, bastante politizada, marxista, sobrevivente da
> ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem
> votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT
> é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no
> mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do “quanto pior, melhor”.
> São discricionários, praticantes do “bullying” mais indecente da
> História do Brasil.
> Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço
> espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e
> moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a
> lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição,
> enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu
> modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei,
> menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das
> bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro
> é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que
> vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras,
> colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram
> com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos. Não
> fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza,
> publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou
> num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de
> qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação.
> Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido
> fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual,
> empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou?
> O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual
> presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma
> escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse
> que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi,
> por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
> Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País
> empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem
> remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto
> que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico,
> profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão
> superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio
> incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal
> de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe
> regra de 3. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem
> de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa.
> Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros
> só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o
> que é mais triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não
> compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma.
> Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto.
> Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por
> opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete
> seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é
> mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o
> que estou informando.
> Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se
> anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento
> familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma
> escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu
> ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio
> Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e
> fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel
> Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo
> que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
> A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola
> em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as
> camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições
> diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.
> Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado,
> sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos
> e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis,
> para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em
> instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por
> prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a
> dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula
> dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a
> educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os
> finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles
> permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende
> do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É
> investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente
> sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome
> mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para
> as burras dos governos. Vale a pena investir mais em educação do que
> em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
> Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar
> não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida
> capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma
> medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela.
> Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro
> de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do
> Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à
> época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade,
> apenas para a senhora saber com quem está falando.
> Sra. PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso
> do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para
> que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o
> chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu
> veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de
> muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais
> importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma
> agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo
> tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez.
> Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles
> estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo.
> E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal
> quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua
> base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é “os outros”. A
> senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA
> do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
> Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro.
> Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães
> excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe
> média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por
> quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os
> homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos,
> sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo
> tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
> A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários
> do Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar
> qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o
> benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa,
> BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda
> tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem
> qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum.
> E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita
> incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está
> na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que
> entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis,
> se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e
> brasileiras vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na
> ociosidade que os levará à delinqüência e às drogas.
> Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que
> eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da
> pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado
> a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de
> alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes
> ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a
> obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da
> sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social,
> desprecisada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um
> lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade
> mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na
> urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa . Dar
> o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.
> A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu
> pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de
> crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista,
> burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o
> dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos
> miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense
> bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o
> bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais.
> Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou
> niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil
> miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo
> de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do
> BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de
> dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de
> capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende.
> Não dói.
> Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou
> impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim,
> francês e português. Por favor, corrija esta informação.
> Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na
> Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca
> saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet.
> Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém,
> ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
> Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda.
> R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma
> criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem
> insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república
> do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional
> a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos.
> É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em
> tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da
> sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino
> profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
> Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da
> corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não.
> Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um
> desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo,
> utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as
> classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente
> desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos,
> excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão
> produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
> A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social.
> Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a
> população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando
> oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas,
> a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de
> estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
> Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da
> minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para
> sustentar a máquina extraviada do governo petista.
> Último lembrete: a pobreza é uma conseqüência da esmola. Corta a
> esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
> Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de
> protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a
> conta sou eu.
> Atenciosamente,
> Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
> Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
> marthapannunzio@hotmail.com CPF nº 394172806-78
> *CONSTITUIÇÃO FEDERAL
> TÍTULO II
> Dos Direitos e Garantias Fundamentais
> CAPÍTULO I
> DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
> Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
> natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
> no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
> à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
> I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
> desta Constituição;
>
> BRASIL CARINHOSO
> Bom dia, dona Dilma!
> Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera
> do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó,
> pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu
> contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em
> cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o
> anúncio do BRASIL CARINHOSO.
> Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista?
> Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um
> mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos
> seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para
> que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
> Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos
> entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o
> convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza,
> reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para “engordar “
> sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo
> para a cama fazer filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida,
> um plano qüinqüenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente
> expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
> É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer
> gracinha, jogar para a platéia. É fácil e é um sintoma evidente de que
> se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
> Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora.
> Sou bastante madura, bastante politizada, marxista, sobrevivente da
> ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem
> votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT
> é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no
> mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do “quanto pior, melhor”.
> São discricionários, praticantes do “bullying” mais indecente da
> História do Brasil.
> Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço
> espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e
> moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a
> lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição,
> enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu
> modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei,
> menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das
> bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro
> é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que
> vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras,
> colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram
> com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos. Não
> fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza,
> publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou
> num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de
> qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação.
> Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido
> fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual,
> empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou?
> O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual
> presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma
> escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse
> que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi,
> por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
> Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País
> empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem
> remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto
> que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico,
> profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão
> superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio
> incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal
> de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe
> regra de 3. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem
> de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa.
> Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros
> só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o
> que é mais triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não
> compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma.
> Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto.
> Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por
> opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete
> seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é
> mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o
> que estou informando.
> Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se
> anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento
> familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma
> escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu
> ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio
> Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e
> fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel
> Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo
> que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
> A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola
> em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as
> camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições
> diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.
> Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado,
> sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos
> e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis,
> para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em
> instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por
> prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a
> dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula
> dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a
> educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os
> finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles
> permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende
> do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É
> investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente
> sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome
> mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para
> as burras dos governos. Vale a pena investir mais em educação do que
> em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
> Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar
> não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida
> capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma
> medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela.
> Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro
> de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do
> Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à
> época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade,
> apenas para a senhora saber com quem está falando.
> Sra. PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso
> do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para
> que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o
> chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu
> veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de
> muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais
> importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma
> agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo
> tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez.
> Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles
> estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo.
> E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal
> quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua
> base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é “os outros”. A
> senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA
> do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
> Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro.
> Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães
> excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe
> média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por
> quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os
> homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos,
> sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo
> tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
> A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários
> do Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar
> qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o
> benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa,
> BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda
> tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem
> qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum.
> E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita
> incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está
> na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que
> entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis,
> se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e
> brasileiras vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na
> ociosidade que os levará à delinqüência e às drogas.
> Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que
> eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da
> pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado
> a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de
> alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes
> ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a
> obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da
> sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social,
> desprecisada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um
> lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade
> mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na
> urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa . Dar
> o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.
> A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu
> pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de
> crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista,
> burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o
> dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos
> miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense
> bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o
> bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais.
> Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou
> niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil
> miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo
> de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do
> BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de
> dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de
> capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende.
> Não dói.
> Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou
> impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim,
> francês e português. Por favor, corrija esta informação.
> Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na
> Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca
> saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet.
> Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém,
> ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
> Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda.
> R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma
> criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem
> insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república
> do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional
> a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos.
> É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em
> tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da
> sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino
> profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
> Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da
> corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não.
> Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um
> desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo,
> utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as
> classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente
> desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos,
> excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão
> produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
> A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social.
> Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a
> população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando
> oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas,
> a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de
> estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
> Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da
> minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para
> sustentar a máquina extraviada do governo petista.
> Último lembrete: a pobreza é uma conseqüência da esmola. Corta a
> esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
> Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de
> protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a
> conta sou eu.
> Atenciosamente,
> Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
> Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
> marthapannunzio@hotmail.com CPF nº 394172806-78
> *CONSTITUIÇÃO FEDERAL
> TÍTULO II
> Dos Direitos e Garantias Fundamentais
> CAPÍTULO I
> DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
> Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
> natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
> no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
> à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
> I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
> desta Constituição;
Nenhum comentário:
Postar um comentário