Hoje, um dia
típico da vida processual, vida acontecendo aos poucos e em fases, é sabido que
não podemos ter somente alegrias, mas como suportar uma grande sequência de “baixos”
e escassos “altos”? O que fazer com a
dor, com a saudade? Dor da insatisfação e saudade do que nos tornou quem somos,
ultrapassar os obstáculos da vida às vezes parece impossível, talvez porque a
solução não esteja no caminho mais fácil, desejamos cada vez mais e sempre a
perfeição, que perfeição é essa? Somos inclinados sempre a gostar do que não
podemos, mas será que gostamos mesmo ou é apenas a vontade de ganhar? O maior
de todos os desejos é ser desejado. E quando se ganha à luta o que fazer com os
efeitos? São tantas perguntas pra uma mente confusa.
A busca de lidar consigo não é
divertida nem tão pouco singela, é uma luta diária, é encarar as imperfeições
como peças fundamentais no caminho. Tantas infinitas vezes não podemos mudar os
fatos, mas os fatos nos ajudam a mudar o decorrer da história, temos uma
sequência quase interminável de oportunidades, é importante identificá-las, não
creio no que ouço frequentemente, que “o cavalo selado passa apenas uma vez”.
Nesses momentos difíceis podemos avaliar nossos valores, extrair novas
diretrizes, escolher o melhor caminho pra aquele determinado momento. Porém o
desespero, impaciência, ansiedade, pressa, nos venda, nos dificulta escolher a
saída certa por mais que seja dolorosa, daí então optamos pela solução célere
que em quase todos os casos nos traz arrependimento e mágoa. Às vezes não
suportamos olhar pra o caminho certo porque o errado parece mais atrativo,
queremos tudo pra ontem, instantaneamente e esquecemos que tudo é questão de tempo.
Tempo? De quanto tempo o tempo precisa???
É primordial olhar pra si e ser
sincero, saber pedir, saber escolher a meta certa, não podemos perder a
esperança, ela nos contextualiza, nos lança ao futuro que mesmo sendo incerto, provavelmente
estaremos lá, e, é interessante que ele seja bom, precisamos desejar o que nos
faz bem, por exemplo, querer alguém ao teu lado mesmo que este alguém não goste
de você é injusto com você e mais ainda com o outro, deixá-lo ir e ser feliz
deve causar a sensação de dever cumprido em nós. Uma felicidade construída com
base na infelicidade de outrem não é doce. Se o problema é solidão, lançar-se a
vida me parece uma boa estratégia, saber partir de um jeito certo, é importante
não parar e mais ainda saber como continuar. Organizar a vida em prateleiras
com diz certo poeta de quem não me lembro do nome agora, organizar-se
internamente até que a harmonia ultrapasse a barreira física. Lidar como o
problema é simples, basta encará-los, permitir-se receber a visita de novas
esperanças. Nós somos livres, inclusive pra decepcionar os outros desde que
isso seja feito de uma maneira consciente, para alcançarmos nossa própria
felicidade, sem ser feliz e sem ter harmonia jamais irá olhar o outro como deve,
e sim, olhar erroneamente como o responsável por sua felicidade.
A vida está aí, e ela segue numa
rapidez impressionante, estar perdido internamente acontece, o que não deve
acontecer é permanecer entorpecido pela falsa calmaria da tristeza, me parece
que o imprescindível é querer mudar, agir, sair do comodismo, dizer ”Olá vida, ainda não estou pronto, mas é
dando o primeiro passo que irei conseguir. O melhor caminho, vou descobrir
tentando, arriscando, mas fazendo tudo isso com a clara condição de não usar
ninguém.”
É hoje estou assim, mais confusa
que o normal, mas escrever essas confusões ajuda a dissipá-las.
Adelyne Cerqueira
17/10/2013
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