terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Mesmo

Sossega, coração inútil, sossega! 
Sossega, porque nada há que esperar, 
E por isso nada que desesperar também... 
Sossega... Por cima do muro da quinta 
Sobe longínquo o olival alheio. 
Assim na infância vi outro que não era este: 
Não sei se foram os mesmos olhos da mesma alma que o viram. 
Adiamos tudo, até que a morte chegue. 
Adiamos tudo e o entendimento de tudo, 
Com um cansaço antecipado de tudo, 
Com uma saudade prognóstica e vazia.

Alvaro de Campos

Nenhum comentário: